No artigo anterior revimos fatos históricos sobre como ocorreu a transição da mão de obra escrava para a assalariada, bem como qual foi o propósito do modelo educacional existente como suporte fundamental ao sucesso deste processo de transição. Neste artigo analisaremos a transição da Era Industrial para a Era da Informação, de como a mão de obra está sendo afetada e os desafios educacionais para o suporte ao modelo econômico neste novo ambiente tecnológico. As máquinas e métodos possibilitaram aumento da produção pela redução de custos e eficiência da capacidade produtiva. Esta mecanização afetou tanto o setor agrícola quanto o setor industrial. Isto gerou inúmeros postos de trabalhos e, ao mesmo tempo, um novo mercado consumidor formado por esta mesma mão de obra produtiva assalariada. À medida que a mecanização sofisticou, tarefas braçais foram progressivamente substituídas por máquinas. Os sensores elétrico-eletrônicos viabilizaram os primeiros controles automáticos no funcionamento destas máquinas, gerando ainda mais eficiência e capacidade produtiva. Mais produção com mais eficiência é sinônimo de aumento de oferta. Por um princípio econômico, com mais oferta menor é o preço, e isto amplia o acesso ao consumo. Os primeiros computadores foram construídos a partir de válvulas. Devido ao tamanho e custo, tiveram uso muito restrito e não chegaram ao setor industrial no princípio, pela relação custo x benefício. Com a invenção do transistor e os circuitos integrados (miniaturização) há um novo salto tecnológico. O computador passa a reduzir de tamanho e custo, criando novas possibilidades de penetração desta tecnologia no setor produtivo. Agora as máquinas ganham mais sofisticação com aumento significativo da qualidade da produção. O barateamento do computador também criou a oportunidade de acesso a ele nos serviços empresariais e pessoais, trazendo grande salto de produtividade à mão de obra intelectual. Neste ponto temos um impacto de tamanha magnitude que não se percebe plenamente a abrangência de suas consequências. É o início da Era da Informação. Este artigo trata exatamente disto, com o objetivo de clarear percepções a todos nós imersos neste momento histórico que será facilmente descrito no futuro.
"Quando se está no quadro é impossível enxergar a moldura. Logo, é preciso uma visão externa para que se enxergue o quadro e a moldura."Não quero ter a pretensão de assumir que esta visão que compartilharei é a única possibilidade, já que só o tempo será capaz de descrever o presente. Mas considerando que alguém que esteja (ou esteve) na ponta tecnológica tem maior percepção da aplicabilidade da tecnologia, sinto-me perfeitamente credenciado a descrever o que penso sobre onde estamos e para onde provavelmente iremos, já que ocupei altas posições em grandes corporações na área de tecnologia da informação. Creio que, a partir desta perspectiva, você sentirá a importância do trabalho que exercemos no marketing de rede e seu contexto neste conturbado ambiente de mudanças. Um dos grandes saltos tecnológicos foi o das telecomunicações. A partir do ponto em que a telefonia viabilizou a transmissão de dados, computadores passaram a se comunicar com outros computadores de forma cada vez mais rápida, ao ponto de chegar em tempo real. Temos aqui o network (rede de trabalho) de computadores e a internet passa a ser a ferramenta mais barata e efetiva de interconectar as diferentes plataformas de tecnologia em diferentes localidades ao redor do globo de forma simultânea, quase instantânea e muito acessível a grande parte de pessoas e praticamente a qualquer empresa. O que parece ser algo muito prático e usual no dia a dia é, por si só, um fenômeno de tal magnitude que faz com que os olhos mais distraídos não notem seu grande impacto no mundo, tal qual o conhecemos e percebemos.
Esta interconectividade é a base da globalização. A interdependência entre países é agora muito intensa, de forma que um problema local é compartilhado pelos meios de comunicação em tempo real e seu impacto passa a ser global. Por exemplo, um acidente aéreo faz com que ações de empresas de seguro e empresas aéreas possam oscilar instantaneamente em todas as bolsas mundiais. Recentemente, a crise imobiliária americana afetou a economia mundial de forma dramática. Grandes instituições bancárias em todo o mundo sofreram abalo e o setor produtivo mundial também foi afetado pelo efeito recessivo causado num único setor, em um único país. Em meio a este cenário, ao regressar de uma viagem aos EUA em novembro de 2010, deparei- me com uma máquina de auto-atendimento no aeroporto de Newark que não estava lá três meses antes. Esta máquina foi instalada ao lado do Duty Free pela Best Buy, uma grande cadeia americana de lojas de venda de eletro-eletrônicos. Por ocupar um pequeno espaço e dispensar a figura do vendedor, esta máquina permite uma significativa redução do custo da venda, onde a mão de obra empregada é de apenas um repositor de estoque, sendo as demais funções feitas automaticamente. Esta inovação tecnológica fará sentir seu impacto em breve. A cadeia de lanchonetes McDonalds representa o primeiro emprego de milhares de pessoas ao redor do mundo. Imagine-se entrar numa lanchonete, sentarse à mesa que tenha uma tela de computador onde você possa fazer seu pedido, passar o cartão e aguardar a informação para buscar seu pedido no balcão. Quantos postos de trabalho serão eliminados pela utilização de uma tecnologia que hoje é corriqueira? Outro efeito desta interconectividade é migrar a produção para onde a mão de obra é mais barata. Aqui temos um seríssimo impacto econômico que nos afeta diretamente, mas entrarei em detalhes deste impacto na nossa profissão de marketing de rede mais adiante. Empresas fecham suas fábricas nos países de origem e passam a produzir em países como China, Índia e Paquistão que têm condições de trabalho praticamente escravo, se comparados aos padrões ocidentais. Isto leva ao desemprego em países com escolaridade mais elevada, implicando em profundos impactos na economia destes países. Esta mão de obra só tem duas alternativas de renda: viver às custas do Estado ou partir para o empreendedorismo. Depender do Estado significa depender do contribuinte, logo significa ter maior carga tributária sobre a produção e sobre a mão de obra empregada, restringindo assim o poder de compra pelo aumento dos custos de produção e redução da capacidade
Na Era da Informação
Com a competitividade global, as empresas para sobreviver precisam reduzir custos de compra. É uma força desastrosa que se contrapõe à força de diminuição de custos pelo emprego de tecnologia e mão de obra mais barata. Os “baby boomers”, geração formada pela explosão da natalidade após a II Guerra Mundial durante o período de 1946 e 1964, modificaram a economia à medida que cresceram. Eles ingressaram no mercado de trabalho no princípio da formação dos sistemas de previdência social e foram os principais contribuintes. Os sistemas de previdência mundial estão em situação crítica. Mas o verdadeiro impacto está por ser sentido, já que a grande massa dos baby boomers está entrando agora na fase de receber os benefícios de aposentadoria para o qual contribuíram, num cenário onde há grande desemprego e conseqüente diminuição da manutenção da contribuição previdenciária. Isto significa um colapso previsível em curto espaço de tempo. A única saída será aumentar o tempo de serviço para obtenção do benefício e a própria redução do valor das aposentadorias pagas. Mas se temos desemprego e migração da mão de obra para onde ela está mais barata, não é lógico supor que a mão de obra que tenha mais idade terá dificuldade de se manter empregada? Sendo assim, é lógico imaginar que esta mão de obra deixará de contribuir para sua própria previdência e se aposentará por idade com proporcionalidade (redução) dos ganhos, agravando ainda mais o problema. Com o desemprego pela redução dos postos de trabalho surge a opção pelo empreendedorismo. Mas como empreender se a mentalidade criada pelo sistema educacional é de ser empregado numa boa empresa privada ou pública? Tanto jovens que querem ingressar no mercado de trabalho quanto trabalhadores diante do desemprego estão igualados neste entrave. A este grupo receoso e despreparado agregam-se os que temem possíveis mudanças do seu status quo e os insatisfeitos com sua remuneração. Com a competitividade global, as empresas para sobreviver precisam reduzir custos. É neste cenário que temos a atividade de marketing de rede como uma saída para o grupo de pessoas que não aprendeu a ser empresário, não tem os recursos para montar um negócio tradicional, mas que precisa de uma fonte de renda viabilizada pela parceria oferecida pelas empresas de marketing de rede que dividem com distribuidores a verba que até então era destinada a campanhas publicitárias, remuneração e manutenção de equipes de vendas. Espera-se um grande fluxo de pessoas que irão buscar esta saída e, como lei de oferta e demanda, muito mais empresas adotarão o marketing de rede como canal de distribuição. E onde fica o modelo educacional vigente? A manutenção da distração na sala de aula por excesso de conteúdo de ensino que não será retido (cultura inútil) para gerar mão de obra disciplinada a atuar da forma previsível e desejável poderá sofrer um leve revés, à medida que novas famílias criem seus filhos num ambiente empreendedor que o marketing de rede oferece, preenchendo a lacuna que existe dentro da sala de aula. É claro que enquanto houver novela, big brother e outras distrações intencionais, a percepção do que está ocorrendo no mundo será retardada, mas será inevitável.
(Autoria de Ricardo Guimarães)
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