quarta-feira, 28 de março de 2012

Síndrome de Narciso

Todas as pessoas que atingiram o sucesso pleno e alcançaram coisas antes inimagináveis afirmam que: Tudo o que você pode imaginar, você pode realizar. Porém, para transformar o produto da nossa imaginação num objeto real e tangível, precisamos, inevitavelmente, da cooperação de outras pessoas. Atraímos essas pessoas por conta de fatores que temos em comum, como a paixão, o propósito e a autoimagem. Pense, então, sobre as pessoas da sua relação. Quantas compartilham, num espírito de absoluta harmonia, os mesmos propósitos que você? 
Se juntarmos todas as histórias que já estudamos, ouvimos e lemos, chegaremos à conclusão de que um dos benefícios de viver num mundo feito de relações é que podemos aprender com o exemplo e as experiências dos outros. Não há dúvida de que um dos motivos da nossa supremacia sobre as outras espécies é justamente nossa capacidade de dividir e acumular experiências. Cada situação específica vivida por uma única pessoa pode ser usada como conhecimento pelos demais. 
Há, porém, um fator estranho nas relações do nosso dia a dia. Raras vezes usamos esse benefício. Na verdade, toda vez que falamos alguma coisa, tentamos fazer com que a outra pessoa pense da forma como nós pensamos. Nossa intenção, mesmo inconsciente, é adequar a ideia central que a outra pessoa tem sobre si à que temos sobre nós. Em outras palavras, ao invés de nos enriquecer com o conhecimento do outro, tentamos trocar o ponto de vista dessa outra pessoa. Ou melhor: nossa troca de informação, na verdade, não é uma troca. Ela é uma tentativa de adaptar o pensamento do outro à maneira como nós pensamos. Assim como para um bicho que vive dentro de uma goiaba o mundo é uma goiaba, também aos nossos olhos, o mundo é exatamente como o vemos em nossa mente. E para quem tiver a curiosidade, esse ponto foi muito bem colocado no livro de Platão: "A Alegoria da Caverna".
Temos uma dificuldade enorme de vê-lo pelas lentes da outra pessoa. Essa é uma falha na nossa personalidade que PRECISA ser corrigida. 
Você já reparou que uma criança, mesmo sendo alertada cem vezes para não tocar no forno, quando menos esperamos, ela vai lá tocar nele? Por que é tão difícil para ela se convencer de que, quando a alertamos, é porque queremos o melhor para ela? Crianças aprendem com seus próprios erros. Elas apenas param de subir na escada depois de caírem umas duas ou três vezes. Nós, adultos, não somos muito diferentes. Assim como as crianças, precisamos sentir o efeito em nós. Temos uma estranha tendência de não dar ouvidos aos nossos sentidos ou às experiências dos outros. Somos afetados pela síndrome de Narciso, a bela história que é contada por Ovídio em Metamorfoses

Narcísio era um belo rapaz que passava o dia debruçado sobre um lago para contemplar sua própria beleza. Ele era tão fascinado por si mesmo que, certo dia, ao tentar beijar sua imagem, caiu no lago e se afogou. As deusas do bosque, que sempre observavam Narciso às escondidas, foram até o lago e viram que ele chorava. Elas se aproximaram do lago e perguntaram:
- Por que você chora?
- Choro por Narciso, o lago respondeu.
- Claro, não nos espanta que chores por Narciso. - as deusas concordaram - Afinal de contas, apesar de nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, eras o único a quem ele revelava sua beleza. 
- O lago olhou com espanto e perguntou: Narciso era belo?
Surpresas, as deusas exclamaram: 
- Quem melhor do que você para saber disso? Não era, por acaso, em suas margens que ele se debruçava todos os dias?
O lago ficou em silêncio por alguns segundos e depois disse:
- Eu não lembro como ele era. Choro porque, todas as vezes que ele se debruçava sobre mim, podia ver, refletida nos seus olhos, minha própria beleza. 
De certa forma, agimos como Narciso e o lago. Embora não gostemos de admitir isso. Temos uma necessidade quase impulsiva de aparentar importância aos olhos dos outros. Essa atitude, por um lado, é uma forma de autoproteção. Ao exibir nossa imagem, temos a impressão de fazer com que o outro nos veja da forma como gostaríamos que nos visse. Num estudo recente, três pesquisadores da Universidade de Princeton explicaram a um grupo de alunos três características do comportamento humano: nossa tendência de nos considerarmos melhores que a média; nossa tendência de associarmos um fato com o outro, mesmo quando não há nenhuma relação entre eles; e nossa tendência de nos julgarmos acima da média em fatores que consideramos positivos, e abaixo da média em fatores que consideramos negativos. 
Após a explicação, os pesquisadores sujeitaram os participantes a um teste. A intenção era clara: eles queriam ver se, após a explicação dessas tendências, elas continuariam presentes nos estudantes, e se eles seriam capazes de reconhecer aquele tipo de preconceito em si mesmos. Por mais estranho que pareça, mesmo tendo compreendido a explicação dos professores, quando chegou a hora de aplicar o conhecimento na prática, os estudantes continuaram avaliando a si mesmos exatamente de acordo com os preconceitos recém expostos pelos professores. Ou seja: a consciência sobre esses preconceitos não mudou a atitude dos alunos. Numa segunda questão, quando os estudantes tiveram que analisar a si e aos outros, aplicaram a lição para os outros, mas se excluíram. Os pesquisadores insistiram: agora que vocês sabem sobre esses preconceitos, querem mudar o que acabaram de dizer? Mesmo assim, o esforço foi infrutífero. 
E por que essa experiência é importante para nós, atuantes de Network Marketing e claro, para qualquer área profissional? 
Por dois fatores específicos que afetam drasticamente nossas relações. Ela mostra que, se uma pessoa nos diz alguma coisa, mantemos nossa convicção pessoal porque acreditamos que somos melhores do que ela. E a experiência dá um exemplo claro de como cada um de nós pensa que o mundo é exatamente da forma como o vemos. Somos o bicho da goiaba. Se houver alguma divergência, o equivoco, logicamente, é sempre do outro. 
Por que pensamos que somos tão exclusivos e especiais? Existem três razões que explicam isso. A primeira é porque somos a única pessoa que nos conhece da forma como nós nos conhecemos. Conhecemos nossos pensamentos intimamente, os experimentamos de forma direta. Já em relação com os outros temos que deduzir o que pensam ou sentem. Não temos essa relação direta com os pensamentos e sentimentos alheios. Podemos apenas imaginar, deduzir, acreditar que o outro tenha a mesma experiência que nós nas mesmas circunstâncias. A segunda razão é porque gostamos de nos sentir únicos. Se você já viu uma mulher indo à uma festa com e se depara com outra pessoa vestindo a mesma roupa que ela, você sabe do que estou falando. E a terceira razão é que pensamos ou pelo menos gostamos de pensar que as pessoas são muito diferentes umas das outras, esquecendo de ver que quase todos agem da mesma forma. Nossa atenção tem foco em dois ou três pontos que nos distinguem e ignoramos todo o resto. 
Se você quer ter sucesso em relações interpessoais e se tornar exemplo e líder, é necessário que se domine essas falhas de nossa personalidade e as use em seu favor. 

sexta-feira, 9 de março de 2012

"Determinação:
Nunca dar nenhum passo para trás. Nem mesmo para pegar impulso."
  
(Lucas Fontenelle)