quinta-feira, 7 de março de 2013


Na constante lapidação interior para nos tornarmos retos, honrados e de bons costumes, muitas vezes esquecemos que, para tanto, nem sempre se deve apenas acrescentar coisas boas e desbastar o que há de ruim; deve-se também silenciar, compreender e muitas vezes desprezar o que vem de fora.
É bastante comum, durante nosso dia a dia, sermos injuriados e ofendidos. Diversas vezes são pessoas distantes que o fazem e, quando são estas, fica de certa maneira fácil desprezar o insulto e prosseguir sem nenhum sentimento de que se foi ofendido. Muitas vezes não é necessário nem mesmo uma compreensão da ofensa.  Simplesmente ignoramos.
O verdadeiro teste de lapidação interior vem quando a ofensa é proferida por alguém próximo: pais, filhos, pessoas queridas, pessoas que se amam, etc. Este sim precisa de uma verdadeira análise, silêncio, compreensão e desprezo.
Dizem que são sábios ou santos aqueles que conseguem verdadeiramente não se estremecerem com tais injúrias. Para desprezá-las não é preciso ser santo ou sábio, mas sim sermos tão sensatos que possamos dizer para nós mesmos:
“Mereci ou não estas coisas que me acontecem? Se mereci, não é ofensa, é julgamento. Se não mereci, aquele que está a ser injusto comigo, deveria envergonhar-se disso.”

Caso estejamos sendo injustamente injuriados, devemos compreender o que se passa no coração da pessoa próxima que nos ofende. E isso me lembra muito um trecho do livro “Humilhados e Ofendidos” de Fiodor Dostoievki:
“Com que frequência caminhei no quarto de um lado para o outro, com o desejo inconsciente que alguém me insultasse ou proferisse alguma palavra que eu pudesse interpretar como um insulto, para que eu desabafasse a minha raiva em alguém. É uma experiência muito simples que acontece quase diariamente, e ainda para mais quando existe algum outro segredo, uma aflição no coração, para o qual se deseja dar uma expressão verbal mas que não se consegue.”

E por fim devemos nos silenciar e reconsiderar o seguinte:
Quem te injuria, não te injuria. Quem te agride, não te agride. Quem te ultraja, não te ultraja. Então quem te injuria, agride ou ultraja? O juízo, o julgamento, a sentença de quem assim procede contigo – e também a tua opinião sobre o ato de que foste vitima. Assim, pois, quando alguém provocar a sua ira, sabe que a tua opinião é que irado te torna.
 Sendo assim, não te precipite e doma suas ideias. Pois uma coisa é certa: se ganhares tempo e pausa a fim de ponderar o acontecido - então, facilmente, será senhor de ti mesmo.