A queda

Ao analisar o "acaso" da natureza, podemos notar que quando uma fruta amadurece se torna doce e pronta para entregar suas sementes para um novo ciclo... ela cai.

A partir de sua queda, com o "acaso", sua semente - do chão - se levanta e dá vida a uma nova árvore que crescerá e se desenvolverá com todo seu potencial.

Se essa fruta madura, ao galho se prende e evita a queda, apodrece. E tudo o que se alimentará dela serão as larvas e moscas, que acabarão com seu doce e destruirão suas sementes. 

Um leão quando nasce fica no chão, indefeso e dependente. Ele não caça, mal anda e fica sujeito ao "acaso" da natureza. Mas então, com o passar do tempo, ele é ensinado a caçar, a correr, demarcar seu território e recebe por sua experiência, um coração determinado e bravo diante de todos os desafios, então se torna rei diante dos outros animais.

Caso não experimenta sua força e não conquista seu coração, de fome e medo padece, entregue aos carniceiros.

A águia, quando pequena acomoda-se num ninho apertado e vive junto à podridão e parasitas, sempre aguardando que algo seja trazido para que se alimente. Do ninho pequeno e sujo ela amadurece e tenta seu primeiro vôo. Sozinha, sem jeito, ela pula do galho mais alto olhando firmemente para o céu... e cai.

Com certo auxílio, ela retorna ao ninho apertado e sujo, mas no coração a vontade de voar e conquistar lugares jamais vistos e na memória a imagem do céu azul – seu lugar.

Após recuperar-se, tenta novamente. 

Ela escolhe o galho mais alto e pula com as asas abertas, fé e seu coração de águia. Então ela voa, e voa cada vez mais alto, dominando lugares mais distantes que aqueles parasitas que ficaram no ninho jamais conhecerão. Ela enfrenta qualquer abismo, pois aprendeu que pode voar. 

Se não o tenta e enfrenta o medo da queda, suas asas ficam velhas e contraídas e o brilho dos seus olhos, originado da visão do céu, se apaga... Então aos parasitas está entregue.

O homem quando cai e se levanta, olha diante de do espelho com uma experiência nova; maduro - e em silêncio já não reconhece mais quem está diante de si... Esse desconhecido!

E então aceita sua nova imagem e descobre quem está em sua frente... Ele mesmo!

Dessa descoberta, sente-se reconhecido, firme e confiante. Pronto para, mais uma vez, acender dentro de si aquele fogo que queima e arde a fim de atingir todo seu potencial.

Ao fim, preparado, ele planta as sementes que dão bons frutos; caminha e desbrava novas terras com a bravura e o coração dos leões; domina seus abismos e conquista novos ares e horizontes com a coragem e o brilho nos olhos de uma águia.

Tudo, antes de atingir seu ápice - seu caminho- sua melhor forma... Tudo, antes de conhecer a si mesmo: de alguma maneira cai. 

Aqueles que após a queda preferem ficar no chão, e com medo ali permanecem, ficam seguros, porém infelizes eternamente... Juntos aos vermes e parasitas. 

É após a queda; Sempre após a queda que se encontra o que se procura.

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Quando nos dedicamos a nos desenvolvermos, sofremos quedas. Sofremos essas quedas, justamente pelo fato de estarmos subindo cada vez mais alto. E com isso perdemos muitas coisas pelo caminho que não quiseram subir mais um degrau. Podemos perder algumas noites em claro; uma pessoa amada; "amizades" e claro, o conforto. 

Quando adquirimos essa bravura de ir além e chegar aonde poucos ou ninguém chegou deixamos a zona de conforto, a segurança, a vida comum e passamos para um degrau mais alto, onde tudo é novo e desafiador. Mas sem dúvidas, degrau por degrau, passo a passo, dia após dia, aprendemos e nos tornamos mais fortes com o sofrimento derivado das perdas e quedas que tivemos no caminho. Entretanto há sempre a recompensa de olhar para si mesmo e dizer: Eu fiz meu próprio caminho e cheguei aqui! E é exatamente aqui que eu gostaria de estar. Distante do chão e longe dos medíocres que de lá não saem.